Arraiá Salgado: Produtos de Festa Junina disparam de preço e acendem alerta no bolso do consumidor
As bandeirinhas coloridas, as quadrilhas animadas e o cheiro irresistível de milho cozido, canjica e bolo de fubá anunciam a chegada das festas juninas. Mas, junto com a tradição, vem um novo ingrediente que tem desagradado o paladar do consumidor: o preço. Em todo o estado do Rio de Janeiro, os produtos típicos da celebração apresentaram variações de valor que ultrapassam os 150%, transformando o arraiá em um verdadeiro teste de resistência ao orçamento familiar.
Milho verde, amendoim, paçoca, pé de moleque, pipoca, cocada, canjica e vinho quente sempre fizeram parte da lista de compras de quem quer montar uma mesa típica e celebrar com autenticidade. No entanto, a pesquisa de preços realizada em estabelecimentos diversos mostra que a diferença entre um local e outro pode ser surpreendente — e, em muitos casos, injustificável.
Um exemplo emblemático é o pacote de amendoim torrado, cujo preço pode variar de forma gritante entre supermercados de bairros diferentes. Enquanto em um mercado da zona norte do Rio o item é vendido a valores acessíveis, em estabelecimentos de áreas turísticas ou de maior poder aquisitivo, o mesmo produto chega a custar mais do que o dobro. A justificativa, segundo os próprios comerciantes, estaria relacionada à logística e à demanda sazonal — fatores que, embora reais, não explicam aumentos tão expressivos.
Essa escalada de preços afeta especialmente famílias de baixa renda, que veem a festa, antes simples e popular, se transformar em um evento cada vez mais elitizado. O que deveria ser um momento de celebração das raízes culturais e de confraternização entre vizinhos, escolas e comunidades passa a ser encarado com preocupação e cálculo. “Dá para comprar a paçoca, mas será que sobra para o quentão?”, questiona-se o consumidor ao montar o carrinho.
Além da variação nos itens alimentícios, outros produtos típicos, como roupas caipiras infantis e adereços decorativos, também registraram aumento expressivo. A busca por opções mais baratas impulsionou o movimento em lojas populares e feiras livres, onde o consumidor aposta no improviso para manter viva a tradição sem comprometer o orçamento.
Diante desse cenário, o alerta é claro: pesquisar é fundamental. O consumidor que se organiza com antecedência e compara preços pode economizar significativamente. A variação de mais de 100% em alguns produtos demonstra que não basta comprar — é preciso escolher bem onde comprar.
Enquanto isso, a festa junina segue resistindo. Mesmo com preços nas alturas, o brasileiro dá seu jeitinho: adapta receitas, compartilha ingredientes com vizinhos, improvisa fantasias e não abre mão do forró e da fogueira. Porque, no fim das contas, o verdadeiro espírito junino está na partilha, na alegria coletiva e na capacidade de celebrar, mesmo quando o bolso aperta.