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JORNAL CAMPO GRANDE: IMPERATRIZ DO BRASIL ADORAVA O BAIRRO DE SANTA CRUZ

 LUA DE MEL NA FAZENDA
        Numa época em que a única função das mulheres era cuidar dos filhos e da casa, a princesa austríaca Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena, ou simplesmente Maria Leopoldina da Áustria, esposa de D. Pedro I e primeira imperatriz do Brasil, fugia a esse padrão de comportamento quando ia a Santa Cruz.
Andava bem a cavalo, caçava e tinha verdadeira paixão por plantas e minerais. Após se casar com D. Pedro em 14 de fevereiro de 1818, na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, catedral da cidade, que fica na atual Rua Primeiro de Março, o nobre casal seguiu o caminho de Santa Cruz para passar a lua de mel na antiga fazenda dos jesuítas.
Durante a viagem, a princesa se encantou com o paraíso ecológico proporcionado por uma Mata Atlântica ainda virgem, livre das devastações ambientais que iria sofrer. Na sede do Palácio, Leopoldina acabou conquistando a todos por sua simpatia e elegância no trato com as pessoas, mesmo as mais humildes.
Logo nos primeiros dias, a imperatriz não perdeu tempo para seguir as mesmas atividades do marido, como a caça e os passeios a cavalo pelos vastos campos de Santa Cruz e arredores. Porém a princesa foi além. Apaixonada pelas ciências naturais, viu as imensas possibilidades de pesquisa em Santa Cruz, tratando logo de convidar importantes zoólogos, naturalistas e mineralogistas europeus, que trabalharam na fazenda.
A MORTE DO PEQUENO PRÍNCIPE
No conturbado ano de 1822, quando a Divisão Auxiliadora do Rio, comandada pelo tenente-general Jorge de Avilêz Zuzarte, governador das Armas da Corte, ameaçava atacar a cidade, para que D. Pedro regressasse a Portugal, esvaziando o desejo de independência dos brasileiros, o príncipe regente enviou seus dois filhos, Maria da Glória e João Carlos, e a Imperatriz Leopoldina, no final da gravidez, a Santa Cruz para ficar distantes daquela situação política crítica.
Mas, em 4 de fevereiro, com a família devidamente alojada na fazenda, João Carlos, Príncipe da Beira, de quase 11 meses de idade, adoeceu e morreu algumas horas depois. “A viagem de onze léguas de São Cristóvão até Santa Cruz, num dia de sol escaldante, agravara males congênitos (…)” (D. Pedro I, de Isabel Lustosa).
A morte de seu primogênito e primeiro herdeiro do trono abalou muito D. Pedro, mas não o impediu de insuflar a população carioca para pegar em armas e enfrentar a Divisão Auxiliadora que, refugiada em Niterói, e ameaçada de bombardeio pelos navios do príncipe, ancorados na Baía de Guanabara, voltou para Portugal e abriu caminho para o processo de independência do Brasil.
No dia 16 daquele mesmo mês, quando da capitulação das tropas de Avilêz, Leopoldina recebeu, no porto de Sepetiba, José Bonifácio de Andrada e Silva, então com 59 anos, que viria a se tornar o Patriarca da Independência.
Bem mais velho que o nobre casal, vinha de Santos para, não apenas ser o ministro do Reino e dos Negócios Estrangeiros, mas para desempenhar o papel de principal conselheiro dos futuros imperadores.
trecho do capítulo “Imperadores em Santa Cruz”, do “O Velho Oeste Carioca II”
Autor: André Luis Mansur / andreluismansur@yahoo.com.br
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